sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A deficiência dos esportes paraolímpicos em Pernambuco

Atletas pernambucanos migram para São Paulo e Rio de Janeiro em busca de oportunidades para treinarem com dignidade e conquistarem vitórias no esporte





Pernambuco tem grandes atletas paraolímpicos e muitos talentos não aproveitados. Os esportistas reclamam da falta de patrocínio e de apoio governamental. Muitos acabam deixando o Estado e migrando para São Paulo e Rio de Janeiro, onde encontram melhor estrutura e oportunidades de desenvolverem seus potenciais de atletas para competirem nos jogos paraolímpicos. 








Aqueles que por aqui persistem na busca de um espaço para o esporte paraolímpico resistem graças à ajuda de treinadores voluntários ou pagam do próprio bolso para treinar. Alguns recebem o benefício de uma “bolsa atleta” do Governo do Estado. Mas uma maioria conta apenas com a perseverança e determinação de seguir praticando esporte, que em Pernambuco requer um esforço muito maior do que a superação da deficiência física. 


Para a recordista em lançamento de discos nas paraolimpíadas de Atenas e bicampeã paraolímpica e mundial, Suely Rodrigues Guimarães, “se houvesse maior atenção para o esporte paraolímpico em Pernambuco, teríamos muito mais conquistas, e avançado muito em acessibilidade”. Suely atualmente treina no Campus da UFPE e recebe o benefício de uma bolsa atleta, do Estado, por ser medalhista em jogos oficiais. Mas ela sabe que as maiores barreiras que os atletas paraolímpicos enfrentam são por não poderem contar com o apoio da Secretaria dos Esportes do Estado. “É preciso olhar mais para o deficiente. Falta acessibilidade, não só no esporte, mas no geral”, reclama Suely.
A equipe de vôlei sentado da Associação Pernambucana de Futebol para Amputados (APFA) é a única de Pernambuco. Os atletas também reclamam da falta de patrocínio e de apoio da Secretaria de Esportes. Eles contam apenas com a ajuda do professor Paulo Rogério, que há cinco anos é treinador voluntário da equipe, e do Colégio Atual, que concede a quadra e o material para os atletas treinarem.
O esportista paraolímpico Luiz Eduardo da Silva, 29 anos, está há um ano na equipe APFA de vôlei sentado.  Luiz é amputado desde 2007 e encontrou no esporte força, incentivo e uma nova visão de vida. O que ele critica é que a Secretaria de Esportes do Estado (SEPE) pouco faz pelos esportistas paraolímpicos. Neste ano só tiveram uma ajuda, de R$ 50 para cada atleta, para disputar a etapa de Recife do Campeonato Norte/Nordeste. Dinheiro esse que demorou muito tempo após a competição para chegar aos atletas. “Se hoje não conseguimos grandes resultados é por falta de apoio”, reclama Luiz. “Temos a sorte de ter um professor voluntário e uma escola que disponibiliza a quadra e material para treinarmos, porque se fôssemos pagar não teríamos condições”, desabafa Luiz.
A deficiência nos esportes paraolímpicos em Pernambuco não é a dos atletas, mas de uma Secretaria Especial dos Esportes que não funciona. É a falta de políticas públicas de acessibilidade aos portadores de deficiência e atletas paraolímpicos. É o que apontam também os atletas da Equipe ADDF/CREE /SESI de basquete sobre cadeira de rodas, de Paratibe, Paulista. A treinadora da ADDF, Maria de Fátima Fernandes, que conhece bem a situação do esporte paraolímpico pernambucano, diz que Estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul dão total apoio aos atletas. “Estive nestes Estados e pude constatar que lá eles têm apoio governamental e patrocínio. É uma estrutura de primeiro mundo. Enquanto que aqui, em Pernambuco, a Secretaria de Esportes não funciona”, ressalta Fátima.
A reportagem da Revista Esportiva PE procurou a Secretaria Especial dos Esportes de Pernambuco para se pronunciar sobre o assunto, mas durante duas semanas não conseguimos falar com o secretário George Braga. O assessor de imprensa da SEEP, Álvaro Filho, ficou de enviar, por e-mail, um pronunciamento oficial, mas isso não foi feito.

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